Meu Velho Amigo
Hoje escrevo com tristeza, e eu quis compartilhar com vocês essa tristeza, quem sabe para desabafar ou simplesmente para fazer ser conhecido um amigo muito importante pra mim.
Me encontro sentada no sofá que sento a 18 anos, na mesma casa que nunca muda, na rua que é sempre igual...
A sala é de madeira, possui uma estante antiga, com dizeres bíblicos e inúmeras fotografias de netos, bisnetos, tataranetos, o sofá está gasto, em todos os anos que venho aqui, tudo tem se mantido sempre igual.
A sala é de madeira, possui uma estante antiga, com dizeres bíblicos e inúmeras fotografias de netos, bisnetos, tataranetos, o sofá está gasto, em todos os anos que venho aqui, tudo tem se mantido sempre igual.
Desde a infância visito Pântano Grande com meus pais, pra quem não conhece, Pântano é uma cidade não muito evoluída, que parece que parou no tempo, eu nunca nem vi os vizinhos que moram aqui do lado pra vocês terem uma noção, chega a ser meio sinistro e o que pode definir essa cidade é o fato de que nada muda, até mesmo a casa que poso é sempre a mesma e com a mesma aparência, e eu gosto disso, mantém as lembranças muito mais vivas e posso sentir as mesmas sensações que sentia a 18 anos atrás...
Mas ao chegar hoje percebi que algo havia mudado, é triste dizer, mas nem tudo estava igual dessa vez.
O Chicão era um gato de mais de 27 anos, com pelagem marrom e preta que vivia aqui desde que nasceu, eu conheço ele desde o meu um ano de idade. Ele me seguia nas peças, se aninhava na minha perna por debaixo da mesa, brincava nos meus pés enquanto eu lavava a louça, pedindo por atenção.
Eu conheci ele, meu irmão, irmã, sobrinho... era um membro ancião da família, estava acostumada a todo ano chegar e todo ano ver ele ali, sempre do mesmo jeito, ele também nunca mudava.
Mas hoje pela primeira vez na minha vida ele não veio, e eu fiquei meio sem chão, eu queria chorar mas não chorava, acho que não consegui assimilar o que aconteceu.
Por mais que nós queiramos muitas vezes que tudo seja eterno, nada dura pra sempre.
E agora aqui sentada fico pensando que triste será, nunca poder mostrar ele aos meus filhos ou ao meu futuro marido e comentar a quanto tempo ele estava aqui, mas quem sabe daqui 20 anos eu esteja na mesma casa, no mesmo sofá contando para meus filhos que nada mudou a não ser a presença de um velho amigo que se foi.
Andando pela casa parece que a qualquer momento ele vai passar por mim se roçando implorando por carinho, na verdade vou lhes confessar uma coisa, eu acho que de alguma forma hoje quando cheguei aqui, como todos os ano ele me recebeu, eu sei disso, porque eu senti.
Um adeus pro meu velho amigo Chicão, que esteve comigo até agora... (eu sei que de alguma forma tu ainda vai me receber na porta). 💘
(A foto da descrição, é a casa que nunca muda)
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